segunda-feira, 24 de julho de 2017

Eu e a minha burrice emocional!

O meu filho chora praticamente todos os dias, pelos mais variados motivos como uma criança normal de 5 anos, regra geral tento acalmar o motivo que o faz chorar, já seja um beijinho no dói-dói, tentar arranjar o brinquedo estragado, tentar convencê-lo que qualquer que seja o motivo, não é para chorar. Mas de vez em quando aparecem aqueles choros que partem o meu coração de mãe, como quando ele chorava por não querer ficar na creche, que invariavelmente, mesmo sabendo que não tinha outra opção, me deixava de lágrimas nos olhos. Na sexta-feira passada o motivo do choro deixou-me à beira das lágrimas com um nó na garganta e a fazer um esforço enorme para ele não notar.
Veio um amigo do Gabriel dormir cá a casa, depois de jantar, tomar banho, brincar e já depois de deitados, começou a dizer que queria a mãe e queria ir para casa, entre choro, birra e uma chamada à mãe, o meu marido levou-o a casa, isto tudo enquanto o Gabriel chorava desconsolado porque queria a todo o custo que o amigo cá dormisse e porque já vinha à uns dias a falar disso (foi a primeira vez que um amigo cá veio).
Obviamente que não é o choro em si que me afecta, mas o motivo, a tristeza e a decepção. Como pessoa racional entendo perfeitamente que não é possível evitar situações destas e que o meu trabalho de mãe é ensiná-lo a lidar com elas da melhor forma e para isso estou aqui, mas não me peçam para ter a "inteligência" para entender que como a decepção faz parte da vida, a tristeza que ele sente não me deve afectar. Como já disse antes, o dia que o meu coração de mãe já não lhe afectem as tristeza e decepções do(s) meu(s) filho(s), quer dizer que perdi a minha humanidade.

quarta-feira, 19 de julho de 2017

O parto

Este é e sempre foi um tema de extrema importância para mim.
Sempre quis um parto o mais natural possível, mas na minha inocência, antes do parto do meu anjinho, isso resumia-se a escolher entre parto vaginal ou cesariana (quando é possível escolher) e a levar ou não epidural. Como estava decidida sobre as minhas escolhas, durante a gravidez do meu filho nunca me preocupei, nem sequer me dei ao trabalho de tentar saber alguma coisa. Segundo eu, já sabia tudo o que tinha que saber.
Mesmo depois de ter tido o anjinho, durante muito tempo estive muito satisfeita com o parto, pois dentro do que eu queria (vaginal e sem epidural), tinha conseguido.
Uns dois anos depois, comecei a querer comparar o meu parto com os de outras mulheres, nem sei bem porquê. E descobri que o meu estava bem longe de ter sido natural, pois as intervenções vão muito mais além do que eu supunha.
Apenas como indicativo, o meu primeiro parto foi provocado por rotura de bolsa sem contracções, apenas duas horas depois da rotura, é possível esperar pelo menos até 12 horas se a rotura for alta (quer dizer que a perda de líquido é mínima), supostamente por haver rotura e indução das contracções tive que estar sempre deitada e monitorizada (pedi para usar o duche e a bola de pilates e não me foi permitido), para verificar os batimentos do bebe (dentro do que sei nunca houve motivo para preocupação), no momento da expulsão estava deitada e era a única posição permitida, e como a posição não ajudava, tive que ser "ajudada" pela ventosa e a Manobra de Kristeller (ver aqui), e foi feita uma episiotomia sem o meu consentimento (não faço ideia se necessária ou não), para não falar da "multidão" que assistiu ao parto, entre médicos, enfermeiros e estagiários e da forma pouco ou nada amável em que fui informada que não estava a fazer força como deve ser. Tudo isto foram intervenções, que vão contra o natural, muitas vezes desnecessárias e não informadas, e na cabeça dos profissionais de saúde, é assim e não há discussão. Se quer, quer. Não quer, faz na mesma.

Depois de ler muito e aprender tudo o que pude, não deixei de estar satisfeita com o meu parto, apenas entendi que tinha sido ingénua e despreocupada e fiz tudo para estar preparada para o próximo (sempre soube que haveria outro).