Não vou falar de todos, porque não os sei, não tenho tempo nem vocês paciência.
Vou falar de dois que fazem parte da minha experiência.
O primeiro está relacionado com um post anterior (aqui), e que se refere à incontinência urinária e/ou fecal, e na sua variante mais avançada o prolapso uro-genital.
Honestamente não sei muito do assunto, o que sei é que tenho terror que me aconteça e já ouvi umas histórias, mas tudo às escondidas, como se fosse um crime.
Actualmente já existem muitas maternidades que falam disto nas aulas de preparação para o parto, e que instam à realização dos exercícios de Kegel (muito recomendado mesmo para quem ainda não passou por um parto), mas o facto é que continua a ser um tabu: "ninguém fala disso, ninguém tem". O que leva, obviamente, a que muitas mulheres menosprezem os exercícios e as recomendações.
No entanto não vejo que o problema esteja nos profissionais da saúde, que mais bem falam e explicam e instam a que se peça ajuda. O problema está nas mulheres, (e também nos homens que gozam e não dão o apoio necessário) que não falam, não pedem ajuda, não trocam impressões. Infelizmente, vivemos numa altura em que todos somos perfeitos e felizes (aparentemente), para mostrar aos outros, ninguém tem problemas.
O outro tabu, é relativamente aos sentimentos da mãe para o filho durante a gravidez e logo após o parto.
O meu anjinho foi planeado e muito desejado, mas quando tive o positivo, após a alegria inicial, os primeiros sentimentos foram de medo e ansiedade de, se calhar, não estar preparada. Durante a gravidez tomei todos os cuidados, e o medo de fazer alguma coisa de errado, ou não saber receber aquele bebe como é devido, era constante. Quando nasceu, o primeiro que senti foi um enorme alivio por o parto ter acabado, e quando o vi, só queria saber se trazia todas as "peças" e vinha sem "defeitos de fabrica" (principalmente daqueles que são causados por culpa minha). E o não ter sentido um amor avassalador desde o primeiro instante deixava-me envergonhada.
Nas primeiras semanas aprendi a amar, a cuidar e proteger, e fiquei de tal modo possessiva que não suportava que certas pessoas lhe pegassem ou tocassem durante vários meses!
Tudo isto são coisas que ninguém fala, todas as mães que planearam ter filhos sentiram desde o primeiro momento um amor sem fim e sem comparação por aquele ser, e qualquer coisa que não seja isso, não é natural, e é mal visto. As poucas que admitimos que não foi bem assim, aos olhos dos outros, não devemos ser normais. O estereótipo da mãe perfeita, que ama, sem ser possessiva, que sabe tudo o que tem que fazer desde o primeiro segundo, que tem certezas absolutas, que dá liberdade sem medos, que sempre tem a resposta certa; esse estereótipo é o que faz que as mães tenham receio de admitir que não sabem, ou que até sabem, mas que é diferente ao que as outras sabem, que não tenham confiança nelas próprias, porque não são iguais, que tenham mais medos dos que deviam, e inevitavelmente leva a muitas depressões pós-parto!
Que mania de querer mostrar perfeição, quando todos sabemos que isso não é real!
Deixem os outros ser imperfeitos, mostrem as vossas imperfeições.
Peçam ajuda quando precisem mas confiem em vocês mesmas.
Acho que seriamos bem mais felizes.
E parem de julgar os outros porque não são perfeitos ou não são iguais a vocês!
Let them be!
Let me be . . .