quarta-feira, 30 de agosto de 2017

O parto da Oriana (parte I)

Saber o que se quer para um parto, não é de maneira nenhuma indicativo de como vai correr o parto, em grande parte porque é realmente algo imprevisível mas uma pequena parte porque ao ter um filho num hospital/maternidade a esmagadora maioria das vezes não somos nós que tomamos as decisões.
Por isso desta vez, queria pelo menos ter "voto na matéria" e fiz um plano de parto, procurei online e especifiquei as minhas preferências, tendo sempre muito presente que é um indicativo das nossas preferências (minhas e do pai) e não um plano exacto do que irá acontecer, mas logo de início as coisas começaram mal e no dia anterior a fazer as 38 semanas comecei com contracções muito irregulares mas muito dolorosas, só ahí já não batia certo com o que tinha ouvido, que as primeiras contracções espontâneas são espaçadas e não dolorosas (o primeiro parto foi induzido, as contracções são logo dolorosas).
Fui à maternidade nessa noite mas prontamente mandada para casa por alguém que faltou às aulas de "amabilidade para atender grávidas com dores", o meu marido saiu na manhã seguinte para ir trabalhar, mas as minhas dores estavam insuportáveis e liguei à Saúde 24, expliquei que estava sozinha (o Gabriel tinha ficado com os avós por ser sábado) e quem me atendeu para não correr riscos, tendo em conta as dores, o facto de estar sozinha e o tempo de gravidez decidiu mandar uma ambulância, e lá fui eu para a maternidade outra vez, desta vez, com um atendimento mais apropriado, fui informada que as dores eram por uma cólica renal e uma pielonefrite (infecção urinária que já chegou aos rins) que estavam a provocar contracções irregulares mas sem trabalho de parto e que teria que ficar internada, e como não havia camas no internamento ia ficar no SO. Estando sozinha tive que entregar tudo o que tinha (telemóvel incluído) e não podia ter visitas, apenas um acompanhante que tinha que ser o mesmo o tempo todo que estivesse no SO, com o marido a trabalhar até às 19h e sem saber quanto tempo estaria no SO, passei o dia sozinha, sem poder falar com ninguém, porque não me podiam visitar. Essa mesma noite passei para o internamento.
Na noite anterior a ter alta, comecei a ficar com comichão na planta dos pés e das mãos, mas como tenho pele atópica e andava também muito inchada, e a comichão para mim não é novidade, não disse nada. Uma colega de quarto, viu-me aflita com a comichão e perguntou, e disse que ela estava internada por algo chamado colestase gravítica, que em casos extremos pode ser fatal para o feto e o primeiro sintoma é comichão nas plantas dos pés e mãos, o que me fez falar logo com as enfermeiras que pediram exames de sangue para verificar a função hepática, na noite seguinte veio uma médica fora do horário normal das visitas dos médicos informar que os resultados mostravam alterações ao nível do fígado, não eram conclusivos em relação à colestase, mas dado o meu tempo de gravidez (quase 39 semanas, depois de uma semana internada) não iriam confirmar pois era preferível induzir o trabalho de parto (devo dizer que já tinha contracções irregulares, muito espaçadas e não dolorosas). Teria preferido esperar, mas não querendo pôr a minha bebé em perigo, aceitei. Deixaram-me descansar essa noite.

sexta-feira, 4 de agosto de 2017

Semana Mundial do Aleitamento Materno

Está a decorrer a Semana Mundial do Aleitamento Materno, e como já falei antes (neste post), ao igual que o parto, a amamentação é algo muito importante para mim.
Do meu ponto de vista, se o nosso corpo produz o alimento que os nossos bebés precisam, é porque não há nada melhor para eles (bebés), já seja em exclusivo durante os primeiros 6 meses, ou juntamente com a nossa alimentação até aos dois anos. O grande problema é que nos últimos anos, talvez os últimos 40, a indústria dos leites de substituição está em guerra contra o leite materno através da desinformação, e nas zonas rurais (ou pessoas com menos estudos nas cidades) é abismal a quantidade de mães que acredita que não têm/tiveram leite ou que este é/era fraco. Principalmente porque não têm a informação necessária para escolher o que realmente querem. E quem me venha dizer que não é culpa da indústria dos leites é realmente muito ingénuo, pois porque outro motivo tantos médico "receitam" leites em pó em vez de sugerir uma consulta com uma CAM (Conselheira em Aleitamento Materno), havendo tantos estudos sobre os óbvios benefícios do leite materno e sendo este recomendado tanto pela OMS (Organização Mundial de Saúde) como pela UNICEF (Fundo das Nações Unidas para a Infância).
Algo que a maioria das mulheres não sabe antes de ser mães (estou eu incluída) é que no início a amamentação não é fácil (para não dizer que é difícil), dói, muitas vezes os bebés não sabem mamar correctamente levando as mães a acreditarem em mitos como "pouco leite" ou "leite fraco" ou "bebé que mama muitas vezes é porque o leite não o alimenta". Se realmente houvesse uma campanha/educação pró-amamentação e as grávidas recebessem toda a informação, e estivessem conscientes das dificuldades, mas também soubessem que o corpo sabe o que faz e é preciso confiar e que a mama não dá apenas alimento, dá conforto e segurança e carinho, tenho a certeza que muitos mais bebés seriam amamentados.
Se toda este informação estivesse realmente amplamente difundida e os leites de substituição fossem apenas sugeridos como última opção ou por escolha da mãe que decide o que é melhor para ela e para o seu bebé sabendo todos os prós e contras dos leites em pó, a indústria do leite em pó perderia de tal maneira que muitas empresas iriam à falência.
E infelizmente, a falência de certas empresas é mais preocupante que a boa alimentação dos bebés!