quarta-feira, 1 de junho de 2016

Lidar com o "normal"!

O post de hoje, é com o intuito de partilhar uma experiencia de mãe e apesar de que não é muito comum, acontece. No meu caso já tinha ouvido falar, mas nunca tinha presenciado (antes de ser mãe).

O meu anjinho (que o continuará a ser enquanto eu assim o quiser chamar), tem tendência para fazer algo chamado apneia do choro, e é das coisas mais assustadores que um(a) pai/mãe pode assistir num filho.

Ocorrem em cerca de 4% das crianças com idade compreendida entre os 6 meses e os 4 anos, afetando meninos e meninas de igual forma. A frequência dos episódios é variável - desde crises ocasionais a vários episódios diários. Em 23% dos casos encontrou-se uma incidência familiar. (Guess who?)

Consistem numa sequência típica de eventos que se inicia de forma reflexa em resposta a um fator desencadeante, como medo, susto, frustração ou dor súbita, podendo levar à apneia (a criança deixa de respirar) e até mesmo perda de consciência. São involuntários, auto-limitados e habitualmente não provocam complicações graves.

Aparecem na internet bastantes informações, mas ler que algo é normal e não trás qualquer problema de saúde, não o faz mais fácil, penso que a partilha de experiencias e saber que há outros pais e crianças que também passam (passaram) pelo mesmo acaba por ser melhor.

Quando o meu filho tinha alguns meses de vida (não me recordo exactamente quanto, mas mais de 8 e menos de 12), fez pela primeira vez. Começou a chorar, muito provavelmente por ser contrariado em qualquer coisa, e em determinada altura parou de respirar, isto é, manteve o choro em "mute" mas sem entrada ou saída de ar, durante alguns segundos (que parecem intermináveis), começou a ficar roxo (por mais que tentássemos que voltasse a respirar) e acabou por desmaiar, momento no qual voltou a respirar normalmente e "acordou" logo a seguir, sem chorar, olhando para nós como se nada se tivesse passado. Toda a situação não deve ter durado mais que uns poucos minutos, bastante assustadores, devo dizer.

Por algum motivo que não sei explicar mantive a calma, no entanto não posso dizer o mesmo do pai do meu filho. Falámos com a médica que o segue no Centro de Saúde e também investiguei na internet, obtendo sempre a mesma resposta, de que não é perigoso para a saúde dele (apenas a saúde emocional dos pais). Até aos seus 2 anos aproximadamente voltou a fazer algumas vezes, sendo que apenas o fazia comigo ou com o pai, e consegui sempre manter a calma, algumas vezes conseguindo que recuperasse o fôlego, outras não.

Já não acontecia há quase dois anos. Há 2 noites, algum tempo depois de adormecer, começou a choramingar, fui ver e apesar de estar meio a dormir, percebi que estava aflito para fazer xixi (apesar de ter feito antes de se deitar), peguei nele ao colo, e levei-o à sanita (já tinha acontecido outras vezes, e ele não chega a acordar totalmente, parando de choramingar quando faz o xixi), mas em vez de acontecer como normalmente, começou a chorar mais, peguei nele novamente para perceber se havia algum problema e para acalmá-lo, e foi quando parou de respirar, e eu entrei num pânico estúpido que nunca me tinha acontecido, não me lembrei de lhe soprar na cara nem me lembrei que já não era a primeira vez e que não lhe acontece nada de mal. Só consegui ver a sua carinha cada vez mais roxa e parecia aflito por respirar. Até que tossiu duas vezes e recuperou o fôlego, olhou para mim de olhos muito abertos e fechou como se não tivesse acordado e adormeceu (ou continuou a dormir).
E eu fui devagarinho para a cama dele, sentei-me e fiquei a embala-lo (a ele e a mim) por uns bons 10 minutos sem o conseguir largar. Sabendo que estava tudo bem, mas a tremer e com um nó na garganta.
Nem sempre o saber que é "normal" nos permite lidar com as coisas, especialmente se dos nossos filhos se trata.



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