terça-feira, 21 de abril de 2015

Ser carinhoso

Depois de perder alguém que amamos muito, torna-mo-nos mais medricas, e o medo de voltar a perder alguém está sempre lá, sei que todos temos esse medo tenhamos ou não perdido alguém próximo, mas depois de ter passado por isso temos mais noção da sensação.

No meu caso não foi o perder alguém, foi um grave acidente de carro cerca de 3 anos antes de perder esse alguém, mas o mais revoltante é que foi a mesma pessoa.
Isto é, esta pessoa teve (ou tivemos) um grave acidente rodoviário, com uma recuperação lenta e dolorosa, sendo que nunca chegou a ser uma recuperação total, que me fez ver as coisas de um modo diferente e não só me tornou mais medricas, mas também mais carinhosa. E quando parecia que o pesadelo tinha acabado, essa pessoa faleceu.
Quase perder alguém além de me tornar mais medricas também me fez notar que as pessoas que amamos nem sempre vão cá estar para lhes fazer-mos saber o quanto os amamos.
Por isso um arrependimento que não tenho, é saber que sempre que me foi possível lhe fiz saber o quanto o amava, e essa característica continua a fazer parte de mim, mais que tudo no que diz respeito ao meu marido e filho.
Dizer o quanto os amamos ás pessoas que amamos, para que nunca duvidem disso, acho de uma extrema importância, não só para que elas o saibam, mas também para a nossa própria sanidade mental, pois perder alguém e ter o arrependimento e a duvida de saber que nunca lhes dissemos o quanto eram importantes para nós, é algo pelo qual não quero passar!

As palavras amo-te ou adoro-te fazem parte do meu repertório, por mensagem ou pessoalmente, mas não são tudo, porque dizer e não mostrar não serve de muito, e numa criança pequena, até considero que não serve de nada; os abraços, os beijos, o carinho, o tom de voz são bem mais importante para "fazer passar a mensagem".

Quando vejo o meu filho ou marido depois de umas horas separados, os beijos e os abraços fazem parte do reencontro.

Já em varias ocasiões quando vamos os 3 no carro, e o meu marido vai a conduzir, os beijos e os abraços não dão muito jeito, por isso faço-lhe um carinho no pescoço, uma forma "gestual" de dizer adoro-te, e a reacção do meu filho é sempre a mesma:
- Mãe, tas a fazer uma "fetinha" ao pai?
- Sim meu amor, porque a mãe gosta muito do pai.

Dizer-lhe que tem que ser carinhoso com os outros não o vai ensinar a ser carinhoso!

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