quarta-feira, 28 de novembro de 2018

Trabalhar

Dizem que fazer o que gostamos, profissionalmente, é não ter que trabalhar mais na vida, como se a palavra "trabalhar" estivesse ligada á insatisfação laboral.
No entanto, e porque vivemos em sociedade, o "fazer" não é o único que influi na nossa satisfação, o ambiente que nos rodeia também tem (in)felizmente muita influencia.
Pois eu posso adorar o que faço, mas se não gosto com quem "trabalho" (salvo seja) não vou ser feliz. E não me venham dizer que posso ser trabalhador(a) independente, e trabalhar no que gosto, só eu. Aparentemente, neste país, trabalhador independente significa "milionário", pois as exigências são muitas e os direitos nenhuns, como se todas as mulheres trabalhadoras independentes ganhassem "rios de dinheiro" e se pudessem dar ao luxo de não trabalhar durante os 4 ou 5 meses que têm direito as trabalhadoras dependentes. Ou os homens trabalhadores independentes não adoecessem.
É muito triste que no nosso país (e falo de Portugal porque não conheço a realidade de outros países) a população em geral seja tão mesquinha, tão egoísta.
Como querem ou têm o descaro de exigir governantes justos, transparentes e honestos, se na maioria das vezes em empresas (ou departamentos) de 10 pessoas, mais de metade são desleais, falsos e maus colegas.

Nunca tive o sonho de ser "isto ou aquilo" (profissionalmente), e sempre que pensava em estudar qualquer coisa era com o intuito de ter um modo de ganhar dinheiro para viver, com algo o menos complicado possível, o único que sempre quis ser foi mãe, não sabendo eu que era dos "trabalhos" mais difíceis e exigentes que existe.

Neste momento trabalho por dois motivos, sendo que o primeiro é o mesmo de sempre, ganhar dinheiro para (sobre)viver, e o outro é para fazer alguma coisa só minha, sem a "tribo" atrás, costumo dizer que vou descansar do meu "trabalho" de ser mãe. Mas ser mãe é e sempre será a minha ocupação e o que irá sempre proporcionar valor á minha vida. Não o valor que é dado pelo que recebo monetariamente (que é nada), ou o valor que é dado pela sociedade, mas o valor que eu lhe dou como sendo o que sempre sonhei fazer.

sexta-feira, 19 de outubro de 2018

Uma Historia

Conheço a história de uma menina (que já é mulher) que me tem vindo á memória estes últimos dias.
Esta menina tinha 7 anos na altura, era um tanto Maria Rapaz e gostava das brincadeiras dos meninos e de andar com eles (a explorar, correr, subir a árvores, etc), na zona onde morava havia um grupo de meninos alguns da idade dela, outros um bocadinho maiores, e ela andava sempre atrás deles.
Um dia os meninos quiseram experimentar aquilo do sexo e como só havia uma menina, experimentaram com ela. Ninguém a obrigou a nada e não foi maltratada. Ela simplesmente não sabia e deixou, porque queria brincar com eles.
Durante muitos anos guardou aquilo em segredo, e durante muito tempo guardou por vergonha, porque na sua cabeça a culpa tinha sido dela, porque ela deixou.
Um dia contou me isto em confidência, e na conversa percebeu que uma criança de 7 anos não consegue perceber ou consentir, e a culpa nunca foi dela. Continuou a guardar o segredo por outros motivos.
Esta história é real, e de alguém que eu conheço pessoalmente.
Não sei se "foi obrigada a dar beijinhos aos avós" ou se lhe faltou alguma coisa durante a infância, só sei que nunca ninguém lhe disse: "o teu corpo é teu e só tu deves tocar nele até teres idade suficiente para perceber o que é o consentimento", "se alguém tentar tocar em ti, diz a alguém com quem sintas confiança".
São duas coisas muito simples de ensinar, mas na cabeça de uma criança não é tão fácil de perceber, especialmente se é obrigada a dar beijinhos a quem não quer, porque uma criança de 7 anos (muito mais uma menor) nem sempre sabe ver a diferença entre um beijinho na bochecha e um beijinho no canto da boca, ou não percebe a diferença entre o beijinho que não quer dar na avó ou o beijinho que não quer dar (ao primo, tio, amigo, conhecido etc) a outra pessoa e vai achar que é sempre obrigação, ou que não precisa de deixar usar o seu corpo para poder brincar com as outras crianças, pois não têm a mesma noção que um adulto tem. Esta obrigação do beijinho é a diferença entre uma criança que sabe que a sua recusa é respeitada e no momento que algo fora do normal acontece, fala logo com alguém e a coisa fica por ali, e a criança que pensa que não pode recusar certas coisas e passa anos a ser abusada porque é obrigada a dar/receber beijinhos a quem não quer.
Honestamente não vejo a dificuldade em entender que a criança deve ter o direito de recusar o contacto físico com qualquer pessoa, assim como tem a obrigação social de cumprimentar educadamente.
Mas só para que fique claro, dar beijinhos, abraços e afecto a quem gostamos é maravilhoso e aqui ninguém disse que devemos proibir os beijinhos aos avós, quando são por gosto devemos incentivar, e fazer saber tanto verbalmente como por gestos a quem amamos, que os amamos.

terça-feira, 9 de outubro de 2018

Perspectivas

Normalmente quando ouvimos as palavras "fim de semana comprido" o sentimento é bom.
Mas este fim de semana que passou, sendo que o pai dos meus filhos estaria a trabalhar todos os dias das 7 ás 19h, não se vislumbrava grande coisa.
Só não pensei que (da minha perspectiva) fosse uma bosta (para não dizer asneiras)!
Logo na noite de quinta para sexta começou mal, só dormi 3 horas entre as 3h e as 6h, sendo que entre as 22h e as 3h a princesa ia intercalando pequenos sonos, com choro e vómitos.
O dia de sexta correu bem, e até fui almoçar a casa de uma amiga, a parte complicada foi ir de transportes (metro e autocarro), com uma criatura "attached" ao meu peito, que a cada tossezinha me deixava numa ansiedade de pensar que me ia vomitar toda, mas tal não aconteceu.
Sábado foi passado em casa sem grandes eventos, ao fim do dia fomos ao Colombo buscar (por fim) os livros do rapaz que entrou este ano para o Primeiro Ano, e acabámos por lá jantar com uns amigos.
Na noite de sábado para domingo, e sem nada que fizesse prever, pois o jantar tinha corrido bem, acordo ás 2h com o Gabriel a chorar, e vou dar com ele, a cama e os peluches todos vomitados (coisa que nunca tinha acontecido com ele, pois ele muito raramente vomitou nos seus 6 anos de vida).

Um aparte, eu não vomito, ou posso contar com os dedos de uma mão as vezes que vomitei (que tenha memoria) na minha vida. E por conseguinte não me considero pro em limpar vomito.
Este fim de semana limpei mais do que me recordo.

O Gabriel ainda vomitou mais duas vezes e estive com ele umas 3 horas acordados. Na manhã seguinte dormiu até ás 10h, e passou o dia de domingo mais quieto, e comeu pouco. Mas no fim do dia, tanto ele como ela estavam bem e com energia, já eu estava completamente esgotada, e comecei a ficar enjoada, com tonturas e dores de barriga, acabei por não jantar com receio de vomitar (o qual acabou por não acontecer) mas a noite foi complicada e tive que tomar um chá e um paracetamol para as dores de barriga.

Na segunda-feira, crianças bem dispostas para a escola, e eu toda "esfarrapada" para o trabalho (ainda dormi mais uma hora de manhã depois de os deixar na escola e antes de ir trabalhar).
Chego ao trabalho toda compadecida de mim mesma, á espera de partilhar o meu "sofrimento" e que se compadecessem de mim, mas antes de contar o meu "drama", pergunto á minha colega como tinha passado o seu fim de semana, e com lágrimas nos olhos, ela me responde "O meu melhor amigo morreu"!!
Toda a minha auto-compaixão se desvaneceu num instante, já nada do que fez do meu fim de semana uma bosta, era importante, todos estávamos bem. O meu único pensamento durante a tarde, foi que daqui a um ano, este meu fim de semana provavelmente já não estará na minha memória, mas para a minha colega vai fazer um ano que perdeu um grande amigo e será com certeza uma data que não vai esquecer.

segunda-feira, 10 de setembro de 2018

O peso de um filho

Comecei a trabalhar há quase 3 meses, mas mesmo durante esse tempo sempre que não estava no trabalho, estava com a minha filha (sendo que o meu filho já está na escola, e atl´s e afins), por isso posso dizer que a minha filha tem sido (quase) uma parte de mim, e há 21 meses que não sei o que é estar sem ela.
Andar eu (sozinha) com os meus filhos na rua, e em transportes, é sempre com ela no pano (ou mochila) pois apesar de ela andar muito bem, nem sempre quer dar a mão, ou ir para onde temos que ir, ou andar se não quer, e não sendo um peso pesado, já pesa.
Na passada quinta-feira entrou para a creche. Posso dizer que tem corrido bem, mas não é tempo suficiente para grandes certezas, vamos um dia de cada vez. Como trabalho em part-time, vai haver algumas horas em que ela estará na creche mas eu ainda não estarei a trabalhar. Quando a deixo na escola e volto para casa, sinto falta do peso dela, e em casa então, não sei o que é estar em casa sem a ouvir.
Queixo-me de tudo a torto e a direito, e os meus filhos não são excepção, queixo-me do barulho que fazem, do chatos que são, das asneiras que fazem, mas a falta que fazem quando não estão, é muito superior a tudo o que me queixo deles. Já não sei estar sem eles, e até o peso de os carregar (uma "às costas" o outro pela mão) faz falta para me sentir bem.

quarta-feira, 15 de agosto de 2018

Ser ou não ser!

Acredito a cima de tudo que cada pessoa tem direito a decidir sobre o seu próprio corpo e decidir o que é ou não melhor para si (ou quem quer que seja afectado pelas suas decisões), seja homem ou mulher. Por isso, e só por isso, acredito que o aborto deve ser legal.
Mas da teoria à prática há uma grande distância. E saber uma coisa difere muito de fazer essa coisa.
Como já disse antes, nunca fiz nem nunca estive numa situação em que o aborto fosse uma opção, nunca sofri sequer um aborto espontáneo. Estive grávida duas vezes na vida e tenho dois filhos lindos e saudáveis (sei a sorte que tenho)!
Não sei, nem quero saber como reagiria se estivesse grávida sem possibilidade económica ou psicológica para manter uma criança (mas para isso existem os métodos anticonceptivos), e muito menos quero saber a minha reação a um filho doente em uma gravidez desejada.
Tudo isto, porque por primeira vez na minha vida ouvi alguém a dizer "a minha filha de 22 anos está grávida, e não sabe de quanto tempo. Ela quer abortar e eu quero que ela aborte pois não tem "vida" para ter um bebé, e será um grande desgosto se já não for a tempo de abortar". E apesar de que da minha boca saíram as palavras "sim, se acham que é o melhor, tenham apenas atenção que em Portugal o aborto só é legal até às 10 semanas e é obrigatório 3 dias de reflexão", mas na minha cabeça só ressoavam as palavras "como têm coragem de matar ou desejar a morte de um bebé!". Não é minha intenção julgar ou opinar sobre a vida dos outros, mas nunca tinha sido directamente confrontada com um aborto antes dele acontecer, nesta circunstância e com estas palavras, e sou honesta, não consigo concordar.

quarta-feira, 25 de julho de 2018

Brinquedos para crianças

O meu anjinho lindo fez 6 anos (what???), e está um crescido, já lê muito bem, escreve mais ou menos e faz contas simples, em Setembro vai para o primeiro ano e é muito responsável na escola.
Ele não é de pedir muitos brinquedos, e vai mudando o que quer cada semana, e sempre que vamos ao supermercado lembra-se de pedir algo, normalmente diferente da vez anterior. Por isso nos anos (e natal) nem sempre é fácil saber o que lhe comprar, nas últimas semanas tem trocado algumas vezes e chegou a pedir um balde de pipocas como prenda de anos.
Há cerca de 1/2 semanas disse que queria um bebé (um de brincar), pediu que viesse com biberão (porque ele não tem maminhas com leite) e como falou várias vazes do assunto achei que era uma boa prenda. Acabei por não ser eu a comprar porque entretanto houve alguns familiares e amigos que me perguntaram o que podiam oferecer, e eu escolhi alguém que sabia, que não iria ficar escandalizado, por um menino de 6 anos querer uma boneca (um bebé, segundo ele).
O "bebé" é de uma marca conhecida de bebés de brincar e vem com biberão e chucha, e ele adorou, na primeira noite até quis dormir com ele. E eu fiquei contente de ver que o exemplo e educação que lhe damos, lhe permite pedir qualquer brinquedo sem receio ou preconceito de pensar que não é um brinquedo adequado para ele, sendo que ele mesmo diz que não há brinquedos para menina ou para menino, há brinquedos para crianças, que ele tem todo o gosto em partilhar com a mana . . . . . de vez em quando.

quarta-feira, 4 de julho de 2018

Cama de casal

Como é que não é de conhecimento geral que a cama/quarto de um casal é o sítio mais privado que existe numa casa?
Como já disse outras vezes, sou uma pessoa muito privada, com a minha vida e com a minha casa. E se há coisa que não suporto é que alguém entre no meu quarto sem pedir ou sem ser convidado, e muito menos se sentem/deitem na minha cama.
Vamos lá ver se me consigo explicar, a cama é como a roupa interior de uma casa, e a roupa interior não se troca nem empresta. Há pessoas que não se importam ou não lhes afecta, e entendo isso, não somos todos iguais, mas não é porque a uma pessoa não lhe faz diferença que essa pessoa vai "violar" a privacidade dos outros, é uma questão de respeito. Todas as camas se devem respeitar como o santuário de cada um, já seja criança ou adulto, solteiro ou um casal. Sei que isto pode soar muito picuinhas da minha parte, mas isto é algo de extrema importância para mim, tanto que não só não gosto que se sentem/deitem na minha cama, como não gosto de o fazer na cama dos outro, especialmente camas de casal (não me refiro ao tamanho da cama, mas ao facto de lá dormir um casal). Obviamente às vezes é necessário, mas é algo que apenas faço se tiver sido convidada.
No caso das camas das crianças, que gostam de receber e brincar com os amigos no quarto e cujas noções de privacidade são mais amplas, acredito que se deva ter o mesmo respeito, mas acaba por ser um pouco menos grave, claro dependendo da própria criança.
A questão deste texto, é que não entendo como é que isto não é uma regra (de etiqueta?) mais divulgada e/ou conhecida, e é quebrada com grande frequência?
Será que actualmente o respeito (neste caso por amigos e familiares, pessoas que normalmente vão a nossa casa) não existe?



sábado, 12 de maio de 2018

Bendito babywearing.

O dia começou bem, saimos de casa a horas e sem birras ou imprevistos. Chegamos à estação mesmo quando o metro estava a chegar e foi só preciso uma corridinha, e até arránjamos lugar juntos. Duas paragens e a aventura começou, a circulação ficou interrompida por 20 minutos sem previsão de reinício. Quando voltou a andar em cada paragem informava que por motivos técnicos com a sinalização, a última paragem seria a da Praça de Espanha, só lá chegámos 40 minutos depois de termos entrado no metro. Ficamos uns minutos sentados na estação, mas continuavam a informar que não tinham previsão para reiniciar a circulação e que podia ser demorado, entretanto iam chegando metros dos quais saia toda a gente. Perguntei ao Gabriel se queria tentar ir de autocarro (não conheço os percursos), mas lá fora decidi seguir a "procissão" que se dirigia para a estação de São Sebastião, o que nos permitia apanhar a linha vermelha e depois a verde para chegar à baixa-chiado. Quando chegamos à baixa-chiado até tive que morder a língua para não dizer asneiras, porque depois de todo o nosso desvio, a linha azul já estava a funcionar. Só o consegui deixar na escola mais de uma hora depois do que é costume. E tudo isto com 10kg de pessoa pendurados ao peito.
Nunca fui de nenhuma maneira ofendida, gozada ou sequer ouvi a sugestão de que o babywearing não é seguro/cómodo/apropriado para mim ou a minha filha nos seus 17 meses de vida, já li muita parvoíce em artigos de opinião, já ouvi histórias de quem foi ofendida ou gozada e (maldito mau-feitio) há dias que quase espero que alguém me faça um comentário estúpido. Não quero nem imaginar como seria uma manhã como esta sem o babywearing, com ela ao colo, ou com um carrinho atrás, ou mesmo qualquer outra manhã/tarde em que tenho que levar/buscar o meu filho à escola de transportes, numa estação de metro com 4 lanços de escadas sem elevador. Para quem acha que marsupios é a mesma coisa que babywearing está muito enganado, carregar um bebé diariamente mais de uma hora por dia durante ano e meio num marsupio pode não fazer mal (que acredito que faça) mas é extremamente incómodo tanto para o bebé como para quem carrega, e agradeço todos os dias a sorte que tive de quando procurei a melhor opção, não só encontrei como fui bem aconselhada.

terça-feira, 20 de março de 2018

Tão bom rapaz que ele é e foi arranjar uma mulher tão chata!

Há com certeza quem pense que o Pedro poderia ter arranjado bem melhor (if you know what I mean), que a mulher dele é uma chata e que se calhar ainda vai a tempo de trocar por uma mais agradável e menos refilona.
Sei disso, não que alguém me tenha dito isto pessoalmente, mas a questão é que posso ser muitas coisas, só que parva não consta na minha lista de defeitos.

Consigo também perceber que sou chata, mas infelizmente não tenho qualquer intenção de o deixar de ser, pelo menos neste tema.

Há cerca de uma semana atrás a professora do Gabriel ligou para nós, para pedir que o pai fosse ontem (dia do pai) passar algum tempo (uma hora, duas, uma manhã ou o dia todo) na escola com o Gabriel, e que até davam uma justificação para entregar no trabalho. Mas o pai, era suposto estar a trabalhar esse dia (das 7h às 19h), e as justificações não servem de nada no trabalho dele: não vai, não recebe o dia, e não gostam porque precisam de arranjar quem substitua.
Mas o Pedro lá arranjou maneira de trocar o dia com um colega, e ficar de folga (eventualmente irá trabalhar numa folga para compensar o colega), que é algo que ele não costuma nem gosta de fazer, por mais que a ele sempre lhe peçam trocas e baldrocas quando os outros precisam.

Nos dias anteriores o Gabriel perguntou várias vezes se faltava muito para dia 19, e na noite anterior estava com uma tal expectativa, que ao deitar disse que desejava que já fosse hora de ir para a escola.
Ontem de manhã, lá foram os dois, e passou lá umas duas horas, e depois à tarde foi mais umas duas horas. O Gabriel adorou e o pai também.

A partir de hoje, e até ao início de Abril, o pai vai estar a trabalhar sem folgas, 12 horas ou de dia ou de noite, e invariavelmente vou ouvir a pergunta: "quando é que o pai chega?" ou vou ver duas crianças a correr para a porta cada vez que ouvem alguém na escada. Mas infelizmente isto não é algo que acontece raramente, isto é algo que faz parte da nossa vida familiar no dia-a-dia, nem sempre é sem folgas, mas o tempo em família é sempre substancialmente menor que o tempo no trabalho.

Por tudo isto, estou me bem a c@g@r se acham que sou chata (para não usar um termo pior), ou que o "coitado do Pedro" casou com uma maluca que não o deixa fazer nada, mas enquanto as coisas continuarem iguais eu vou reclamar, e fazer cara de "poucos amigos" e refilar mais um bocadinho cada vez que ele me disser que vai (ou quer ir) a um jantar, jogo, reunião, saída de amigos, ou qualquer coisa (seja de lazer, trabalho ou de ajuda) que não me inclua a mim e aos filhos dele!

Capisce!?

quinta-feira, 8 de março de 2018

Dia de oferecer florzinhas às mulheres

Hoje, dia Internacional da Mulher, andei na rua, para ir levar de manhã e buscar à tarde o meu filho à escola. Fui e vim de metro as duas vezes, e vi muita gente, e também vi muitas mulheres com flores, e muitos homens com ramos e pequenos saquinhos de presente para oferecer, e ao fim do dia já não sabia se era dia da mulher ou dia dos namorados ou dia da mãe.
E então percebi, que realmente é outro "dia do comerciante", como o dia da mãe, do pai, da criança, etc, que provavelmente foram implementados com propósitos como lembrar os direitos, ou prestar homenagem, mas o verdadeiro significado perdeu-se no meio de todo o marketing de bugigangas que nos são enfiados pelos olhos adentro, e não consigo mais que ficar triste e desiludida que o verdadeiro significado deste dia se tenha perdido de tal forma que uma mulher seja maltratada: físicamente, emocionalmente, mentalmente, profissionalmente, todos os dias do ano, e uma mísera flor um dia por ano é suficiente!
Para presentes tenho os meus anos, ou qualquer outro dia sem motivos específicos, no dia da Mulher e da Mãe (já que estamos nisto) quero direitos, quero igualdade, quero respeito.
No dia da Mulher não se festeja o ser mulher (isso festejo todos os outros dias) no dia da Mulher luta-se pela possibilidade de um dia não ter que ouvir a pergunta: "tem ou pensa vir a ter filhos próximamente?" numa entrevista de emprego!

sexta-feira, 2 de março de 2018

Preciso de chocolate . . . para não deprimir.

O pai dos meu filhos trabalha por turnos, o qual quer dizer que é difícil haver rotinas cá em casa, mas mesmo assim tento.
A hora de dormir é uma rotina que tento manter, quer o pai esteja em casa quer não. Quando o pai não está, tento deitar o Gabriel às 21h, e logo a seguir vou deitar a princesa que demora mais.
Mas hoje como é sexta, e ele estava a ver um filme (pela 5 vez na última semana), achei que podia ir deitar a miúda e depois ia deita lo com mais tempo e ler uma história calmamente (com ela nem sempre é possível).
Mas não correu como planeei, ela demorou quase uma hora, como sempre. Mas quando saí do quarto em vez de o encontrar na sala a ver tv, fui dar com ele na cama, com a luz apagada e tapado a dormir ferrado.
E fiquei triste que adormeceu sozinho, sem história, sem beijinho, sem boa noite. Senti que lhe falhei. Ao mesmo tempo senti orgulho porque o meu bebé grande é um  crescido com autonomia suficiente para se ir deitar sozinho. Sempre foi muito independente e já o demonstrou várias vezes, mas não estou preparada para ele ir dormir sozinho, sem história, sem beijinho, sem boa noite.

sexta-feira, 9 de fevereiro de 2018

Opiniões controversas

Depois de algumas semanas de ausência, volto "on fire" com um dos temas que me levou a querer fazer o blog, daqueles que geram polêmica, devido à minha posição um tanto "preto e branco". Daqueles (temas) que normalmente prefiro não falar porque levam a discussão e não gosto de discutir, especialmente quando não vou mudar de opinião.
Só para haver um bocadinho de "background", fui criada num ambiente de zero álcool, por alguém que provavelmente ultrapassou em diversas vezes a seu "fair share" de ingestão alcoólica. Quando me vi sozinha noutro país, e já tendo há muito, mais que idade legal para beber, deixei me levar, mais que tudo pela curiosidade e a liberdade de fazer o que eu quisesse. Mas decobri que não gosto de beber, não me sinto bem fisicamente, apenas gosto de gostinho doce de algumas bebidas (coisa que posso ter com qualquer bebida doce não alcoólica).
Não tenho uma visão tão "puritana" em que não aceito ou não tolero nem uma gota de álcool, mas . . . e esta é a opinião que gera polêmica . . . do meu ponto de vista qualquer pessoa que beba "on a regular basis" é alcoólico! Ou tem uma certa dependência.
Atenção que digo isto como alguém que tem uma completa dependência ao açúcar, e não consegue passar nem um dia sem comer doces.
Mas a minha dependência afecta apenas a minha saúde, e quando muito a dos meus filhos que provavelmente vão fazer o que eu faço e não o que eu digo. O meu grande problema com o álcool é que quem bebe perde e altera as suas capacidades física, mental e emocional. E em muitos casos o álcool mata e, infelizmente, não falo só de quem bebe.
Claro que muita gente bebe só um pouco sem chegar ao ponto do "não retorno", mas se o fazem todos os dias, ou todos os fins de semana ou em todos os "jantares com amigos" e simplesmente não conseguem dizer "não", que me desculpem, mas eu chamo a isso um alcoólico.
Uma (ou duas) bebidas num aniversário, um champanhe no fim de ano, um copo de vinho num jantar especial é mais que natural e até saudável (ou o CÁLICE de vinho por dia que faz bem ao coração, dizem). Agora não me venham com "bullshit" de que "eu não me embebedo", ou "eu só bebo socialmente" (quando a vida social é todos os fins de semana) ou "ajuda a ficar mais desinibido".
Esta é a minha opinião sobre as bebidas alcoólicas, não faz com que goste menos das pessoas que bebem mas também não vai mudar.