quarta-feira, 15 de agosto de 2018

Ser ou não ser!

Acredito a cima de tudo que cada pessoa tem direito a decidir sobre o seu próprio corpo e decidir o que é ou não melhor para si (ou quem quer que seja afectado pelas suas decisões), seja homem ou mulher. Por isso, e só por isso, acredito que o aborto deve ser legal.
Mas da teoria à prática há uma grande distância. E saber uma coisa difere muito de fazer essa coisa.
Como já disse antes, nunca fiz nem nunca estive numa situação em que o aborto fosse uma opção, nunca sofri sequer um aborto espontáneo. Estive grávida duas vezes na vida e tenho dois filhos lindos e saudáveis (sei a sorte que tenho)!
Não sei, nem quero saber como reagiria se estivesse grávida sem possibilidade económica ou psicológica para manter uma criança (mas para isso existem os métodos anticonceptivos), e muito menos quero saber a minha reação a um filho doente em uma gravidez desejada.
Tudo isto, porque por primeira vez na minha vida ouvi alguém a dizer "a minha filha de 22 anos está grávida, e não sabe de quanto tempo. Ela quer abortar e eu quero que ela aborte pois não tem "vida" para ter um bebé, e será um grande desgosto se já não for a tempo de abortar". E apesar de que da minha boca saíram as palavras "sim, se acham que é o melhor, tenham apenas atenção que em Portugal o aborto só é legal até às 10 semanas e é obrigatório 3 dias de reflexão", mas na minha cabeça só ressoavam as palavras "como têm coragem de matar ou desejar a morte de um bebé!". Não é minha intenção julgar ou opinar sobre a vida dos outros, mas nunca tinha sido directamente confrontada com um aborto antes dele acontecer, nesta circunstância e com estas palavras, e sou honesta, não consigo concordar.