segunda-feira, 30 de março de 2015

A barriga

Sou magra e sempre fui magra, mas agora sou menos magra do que antes.
É algo bom, sendo que o "magra" de antes era excessivamente magra, e agora o meu peso vai mais de acordo à minha altura.
Neste tema dos pesos e medidas tenho uma opinião muito contraditória e é mais do género: "faz o que eu digo, não faças o que eu faço"!
Vou explicar, sempre fui critica em relação a pessoas muito pesadas, achava que só é gordo quem quer (excepto quando é por alguma doença). Mas o meu ponto de vista baseia-se na minha perspectiva, sempre comi tudo o que queria, só não como o que não gosto, e como realmente tenho um muito bom e regular sistema digestivo nunca foi um problema o comer o que queria nas quantidades que queria, sou muito doceira e gosto de comer porcarias, mas por outro lado também gosto muito de saladas, comida vegetariana, gosto mais de peixe que de carne, e quanto menos gordurosa fôr a carne melhor e sempre achei que isto era suficiente para me manter em forma, ou seja achava-me dona do saber, e que se alguém tem tendência a engordar simplesmente tinha que comer menos ou mais saudável ou fazer um pouco de exercício!
Mas as opiniões também mudam, porque agora, criticar-me a mim é mais difícil que criticar os outros! (que mau habito este que temos, de criticar os outros, mas a nós mesmos, nem por isso)
Então, realmente continuo a ser considerada magra, ou no peso certo quando muito, mas para um nutricionista eu sou uma "magra falsa", isto quer dizer que sou magra porque é da minha constituição física, não engordo com facilidade, mas na realidade, para alguém que não faz exercício (não conta subir e descer escadas todos os dias dois andares com 15 Kg ao colo, mas devia contar), come o que quer e quando quer, as calorias estão lá e as gorduras e açucares e por aí em diante, mas (que vaina que nunca falta el condenado "pero")* de há uns 3/4 anos para cá, a barriga já não é plana nem se destacam aqueles ossinhos nas ancas, nada mudou na minha maneira de ser e de comer, tirando o facto que o tempo não pára, e a idade não perdoa.
Cada vez que vejo esta pancinha no espelho ou mesmo sem ele (espelho), fico chateada, porque sei que a culpa é minha, porque não consigo deixar de comer as coisas que gosto, porque não arranjo 15 minutos por dia para fazer algum tipo de exercício, porque sempre pensei que eu não entrava no grupo dos que querem o corpo de uma maneira mas não fazem nada para o ter.
Por isso a minha opinião mudou, porque agora sou eu! E agora sei que não rebolo porque tenho sorte de ser como sou, e tento não criticar tanto os outros, seja sobre este tema ou qualquer outro do qual não saiba o suficiente. E sinto-me triste que só consigamos entender certas coisas depois de passar por elas, mas também por perceber que afinal não tenho a força de vontade que julguei que tinha.

A parte "cómica" (apenas para o meu marido) é as 3 ou 4 ocasiões em que me perguntaram se estava grávida, e que a minha reacção foi: "NÃO! Claro que não! (vermelha que nem tomate), e tenho considerado (duvido que o faça, mas pensar nisso faz-me sorrir) que a próxima vez que alguém (desconhecido) perguntar na fila do supermercado ou nos transportes públicos se estou grávida, e a resposta continuar a ser não, vou responder: "Sim, já estou de 6 meses!" dando ainda maior destaque à barriga, assim em vez de pensarem que tenho uma barriga proeminente em comparação ao resto do meu corpo, vão pensar: que barriga pequena que ela tem!

*Expressão em espanhol muito utilizada no pais onde nasci. Tradução: Que treta que nunca falta o bendito "mas"!

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