quinta-feira, 9 de julho de 2015

Injustiças


Visto que me tenho andado a controlar para não falar da Grécia (apesar de obviamente ter uma opinião), porque realmente quero evitar falar de política. Vou falar do que certas politicas fazem ao "Zé e à Maria Povinho", aqueles que votam mas que realmente não tomam qualquer decisão, e que são afectados por todas as (más) decisões feitas por senhores que não são afectados por elas.

Este é o dia-a-dia de um casal com um filho pequeno, neste casal ambos trabalham o ano todo (quando têm trabalho), raramente vão de férias (férias a sério, aquelas de malas e bagagens, por mais do que um fim de semana) porque ganham ordenados miseráveis, têm dias de férias mas normalmente são passados em casa, porque as despesas do mês não permitem poupar muito. Neste casal um dos membros tem um horário, dito "normal", mas que cada vez menos gente tem, e o outro tem horários segundo as necessidades do empregador, isto é, noites, fins de semana, feriados ou dias festivos não são impedimento para se trabalhar; e nesta família todos, incluído o filho pequeno, passam mais tempo no trabalho ou na creche do que com a dita família.

Consoante a semana ou o mês os horários são diferentes, mas inevitavelmente este é um dos cenários:

- A mãe acorda ás 6.50 arranja-se e prepara o pequeno-almoço (take away) para ela e para o filho que ainda dorme.
- 7.25 acorda o filho, veste-o e arranja-o para sair (dias com mais birras outros com menos birras)
- 7.45 saem de casa mãe e filho ou esperam uns minutos que o pai chegue do trabalho para o beijinho do "bom dia".
- 7.50 mãe ou pai (se tiver chegado a tempo e se não estiver muito cansado) deixam filho na creche e entregam pequeno-almoço para que lá seja tomado sem pressas.
- 8.10 pai vai dormir.
- 8.30 mãe entra ao trabalho.
- 16.00 (dependendo do cansaço pode ser antes ou depois) pai acorda, arranja-se, come qualquer coisa (nada de jeito), prepara comida para levar.
- 16.45 vai buscar filho à creche, um que outro dia leva-o ao parque, e depois a casa tomar banho.
- 18.15 (quando não há greves e os transportes funcionam correctamente) mãe chega a casa.
- 18.25 pai sai para ir trabalhar.
- 19.30 mãe janta com filho.
- 21.00 mãe deita filho.
- 23.00 mãe vai dormir.

Não é algo constante, e muda segundo as vontades dos outros, sem importar os quereres ou necessidades da família!
Supostamente não se pode fazer turnos de 12 horas, mas isso é só quando não são de 16 ou 17 horas.
Fins de semana em família são quase uma raridade.
Para não falar das folgas em dias uteis que só dão jeito para tratar de assuntos.
Dizem que a natalidade está constantemente a descer e pedem para o as famílias terem mais filhos que eles dão os maravilhosos "incentivos à natalidade" (que só os que estão quase na pobreza extrema é que realmente têm direito a eles). Mas quem é que quer ter filhos, para os ver 2 ou 3 horas por dia?

Isto acontece porque não há leis que protejam o trabalhador, e as que há (para dizerem que é uma democracia) não se cumprem nem ninguém as faz cumprir. Se nos queixamos somos uns mal-agradecidos, porque não estamos contentes de ter um trabalho quando há tantos desempregados. E a maioria nem se queixa por medo a perder o pouco que têm e porque se 1 não faz há outros 100 que fazem.

Mas a verdade é que ninguém disse que a vida era justa! E talvez no próximo ano pergunte se posso pôr o IRS como mãe solteira, já que grande parte do ano é o que parece!

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