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quarta-feira, 19 de julho de 2017

O parto

Este é e sempre foi um tema de extrema importância para mim.
Sempre quis um parto o mais natural possível, mas na minha inocência, antes do parto do meu anjinho, isso resumia-se a escolher entre parto vaginal ou cesariana (quando é possível escolher) e a levar ou não epidural. Como estava decidida sobre as minhas escolhas, durante a gravidez do meu filho nunca me preocupei, nem sequer me dei ao trabalho de tentar saber alguma coisa. Segundo eu, já sabia tudo o que tinha que saber.
Mesmo depois de ter tido o anjinho, durante muito tempo estive muito satisfeita com o parto, pois dentro do que eu queria (vaginal e sem epidural), tinha conseguido.
Uns dois anos depois, comecei a querer comparar o meu parto com os de outras mulheres, nem sei bem porquê. E descobri que o meu estava bem longe de ter sido natural, pois as intervenções vão muito mais além do que eu supunha.
Apenas como indicativo, o meu primeiro parto foi provocado por rotura de bolsa sem contracções, apenas duas horas depois da rotura, é possível esperar pelo menos até 12 horas se a rotura for alta (quer dizer que a perda de líquido é mínima), supostamente por haver rotura e indução das contracções tive que estar sempre deitada e monitorizada (pedi para usar o duche e a bola de pilates e não me foi permitido), para verificar os batimentos do bebe (dentro do que sei nunca houve motivo para preocupação), no momento da expulsão estava deitada e era a única posição permitida, e como a posição não ajudava, tive que ser "ajudada" pela ventosa e a Manobra de Kristeller (ver aqui), e foi feita uma episiotomia sem o meu consentimento (não faço ideia se necessária ou não), para não falar da "multidão" que assistiu ao parto, entre médicos, enfermeiros e estagiários e da forma pouco ou nada amável em que fui informada que não estava a fazer força como deve ser. Tudo isto foram intervenções, que vão contra o natural, muitas vezes desnecessárias e não informadas, e na cabeça dos profissionais de saúde, é assim e não há discussão. Se quer, quer. Não quer, faz na mesma.

Depois de ler muito e aprender tudo o que pude, não deixei de estar satisfeita com o meu parto, apenas entendi que tinha sido ingénua e despreocupada e fiz tudo para estar preparada para o próximo (sempre soube que haveria outro).

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